De modo geral, preconceito é um juízo pré-concebido, sentimento hostil, intolerância, que se manifesta em atitude discriminatória em relação às pessoas, crenças, sentimentos e tendências de comportamento. O preconceito é um fenômeno que vem perpetuando nas culturas. Ninguém gosta de ser discriminado pela sua condição social, pelas suas crenças ou pela raça, e quando isso acontece o seu efeito pode ser devastador ou pode ser pedagógico, vai depender como cada pessoa encara o preconceito. Então o que fazer diante do preconceito?
Independente de qualquer coisa devemos assumir o que somos
em termos de raça, crenças e condição econômica. É essencial ter consciência que
acima tudo somos seres humanos. O branco, o preto, o mameluco o cafuzo e o
pardo se encontram no nascimento e na morte, e verificamos que todos são iguais
em muitas questões importantes. Foram gerados e nasceram do mesmo modo,
chegaram pelados, precisão ser lapidados, são pecadores diante do Criador, são
vulneráveis às mesmas doenças, são propensos aos mesmos erros e tentados com os
mesmos pecados, e vão se encontrar com o Criador após a morte com o mesmo
montante de patrimônio.
Pode-se observar que muitas pessoas têm dificuldade de assumir
a pessoa que é, assumir a sua condição social, assumir a sua condição
econômica, assumir a sua condição racial. Quando eu estudava Direito, certa vez
passei a observar um rapaz que chegava de moto na faculdade e se dirigia ao
banheiro e ali demorava um pouquinho e, então saia com os cabelos todos desarrumados
e com gel. Então, eu certo dia segui esse rapaz até ao banheiro e chegando lá
ele tirou o capacete e passou gel na cabeça. Eu, então, lhe disse: você é índio!
Ele por sua vez me disse não sou índio, só minha mãe meu pai e meus irmãos que
são. Por aí, nós podemos ver que algumas pessoas têm dificuldade de assumir a
sua própria identidade racial, a sua condição social, e por aí vai.
É importante salientar que, devemos assumir a nossa
identidade racial, devemos assumir a nossa condição social sem prejuízo da
nossa brasilidade. Igualdade racial é, também, dizer não à segregação racial e
cultural. O sentimento de brasilidade deve nos unir na riqueza da diversidade
cultural brasileira. Acima de tudo somos brasileiros, pois do contrário seremos
um corpo estranho. A nossa condição racial, a nossa miscigenação nos faz pessoas
de uma identidade peculiar. O negro brasileiro ele é negro brasileiro e carrega
dentro de si a riqueza da brasilidade.
Nos desafios sociais nas questões raciais o diferencial está
em se acreditar em si mesmo, desenvolver as capacidades cognitivas e lapidar a
humanidade para que possa mostrar para si mesmo e para os outros todos somos
iguais do ponto de vista da capacidade intelectual e do aprimoramento humano.
A hostilidade e discriminação são elementos que indicam uma
humanidade subdesenvolvida. Devemos considerar que formação acadêmica não forma
pessoas do ponto de vista de humanidade, mas sim, o sistema de valores familiar
adotado pela família na formação de seus membros. Por isso Provérbios 22.6 diz:
“ Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se
desviará dele”.
Muitas pessoas deixam-se abater diante de uma situação de
preconceito, de discriminação, se explodem ou implodem, entram em depressão,
angústia e acabam desenvolvendo algum tipo de complexo interior e, até mesmo
doenças psicossomáticas. Tudo isso por não saber lidar com o preconceito.
Ser discriminado ou ser preconceituado por alguém não
significa que não temos competência ou dignidade, mas tão somente indica que o
autor tem sua humanidade subdesenvolvida e valores espúrios. Quando uma pessoa,
diante do preconceito ou discriminação, emprega a autopunição, autodepreciação
ou a autopiedade, ela está desviando foco das causas, das ações e processo que
produziram tal fato. Com isso ela acaba por travar-se e sua vida deixa de ser produtiva,
perde qualidade e tudo se torna em lamentos.
É preciso manter o otimismo, a autoestima, a fé em si mesmo,
confiar na capacidade pessoal, e renovar os ânimos. É preciso ter um olhar
pedagógico das situações negativas que experimentamos e o desejo de aprender
com os erros alheios para aprimorar a nossa humanidade e obter excelência
humana. Podemos aprender com os erros, falhas alheias, pois esses tem um
caráter pedagógico que poderá nos auxiliar no desenvolvimento e amadurecimento
pessoal. Os conflitos interpessoais podem nos ensinar a superação, o aprimoramento
pessoal, a agir e reagir perante eles, e administrá-los.
Respeito e igualdade são direitos de todos, mas precisamos
fazer do preconceito e discriminação um instrumento pedagógico para superação. O
preconceito e a discriminação são males e como tais, nos oferece oportunidades
para apresentarmos as nossas virtudes e talentos.