Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória - Salmo 115:1

22 agosto 2020

Superando O Preconceito Racial

De modo geral, preconceito é um juízo pré-concebido, sentimento hostil, intolerância, que se manifesta em atitude discriminatória em relação às pessoas, crenças, sentimentos e tendências de comportamento. O preconceito é um fenômeno que vem perpetuando nas culturas. Ninguém gosta de ser discriminado pela sua condição social, pelas suas crenças ou pela raça, e quando isso acontece o seu efeito pode ser devastador ou pode ser pedagógico, vai depender como cada pessoa encara o preconceito. Então o que fazer diante do preconceito?

 I. EM PRIMEIRO LUGAR ASSUMIR O QUE SOMOS

Independente de qualquer coisa devemos assumir o que somos em termos de raça, crenças e condição econômica. É essencial ter consciência que acima tudo somos seres humanos. O branco, o preto, o mameluco o cafuzo e o pardo se encontram no nascimento e na morte, e verificamos que todos são iguais em muitas questões importantes. Foram gerados e nasceram do mesmo modo, chegaram pelados, precisão ser lapidados, são pecadores diante do Criador, são vulneráveis às mesmas doenças, são propensos aos mesmos erros e tentados com os mesmos pecados, e vão se encontrar com o Criador após a morte com o mesmo montante de patrimônio.

Pode-se observar que muitas pessoas têm dificuldade de assumir a pessoa que é, assumir a sua condição social, assumir a sua condição econômica, assumir a sua condição racial. Quando eu estudava Direito, certa vez passei a observar um rapaz que chegava de moto na faculdade e se dirigia ao banheiro e ali demorava um pouquinho e, então saia com os cabelos todos desarrumados e com gel. Então, eu certo dia segui esse rapaz até ao banheiro e chegando lá ele tirou o capacete e passou gel na cabeça. Eu, então, lhe disse: você é índio! Ele por sua vez me disse não sou índio, só minha mãe meu pai e meus irmãos que são. Por aí, nós podemos ver que algumas pessoas têm dificuldade de assumir a sua própria identidade racial, a sua condição social, e por aí vai.

É importante salientar que, devemos assumir a nossa identidade racial, devemos assumir a nossa condição social sem prejuízo da nossa brasilidade. Igualdade racial é, também, dizer não à segregação racial e cultural. O sentimento de brasilidade deve nos unir na riqueza da diversidade cultural brasileira. Acima de tudo somos brasileiros, pois do contrário seremos um corpo estranho. A nossa condição racial, a nossa miscigenação nos faz pessoas de uma identidade peculiar. O negro brasileiro ele é negro brasileiro e carrega dentro de si a riqueza da brasilidade.

Nos desafios sociais nas questões raciais o diferencial está em se acreditar em si mesmo, desenvolver as capacidades cognitivas e lapidar a humanidade para que possa mostrar para si mesmo e para os outros todos somos iguais do ponto de vista da capacidade intelectual e do aprimoramento humano.

A hostilidade e discriminação são elementos que indicam uma humanidade subdesenvolvida. Devemos considerar que formação acadêmica não forma pessoas do ponto de vista de humanidade, mas sim, o sistema de valores familiar adotado pela família na formação de seus membros. Por isso Provérbios 22.6 diz: “ Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele”.

 II. FAZER DO PRECONCEITO UM ELEMENTO PEDAGÓGICO

Muitas pessoas deixam-se abater diante de uma situação de preconceito, de discriminação, se explodem ou implodem, entram em depressão, angústia e acabam desenvolvendo algum tipo de complexo interior e, até mesmo doenças psicossomáticas. Tudo isso por não saber lidar com o preconceito.

Ser discriminado ou ser preconceituado por alguém não significa que não temos competência ou dignidade, mas tão somente indica que o autor tem sua humanidade subdesenvolvida e valores espúrios. Quando uma pessoa, diante do preconceito ou discriminação, emprega a autopunição, autodepreciação ou a autopiedade, ela está desviando foco das causas, das ações e processo que produziram tal fato. Com isso ela acaba por travar-se e sua vida deixa de ser produtiva, perde qualidade e tudo se torna em lamentos.

É preciso manter o otimismo, a autoestima, a fé em si mesmo, confiar na capacidade pessoal, e renovar os ânimos. É preciso ter um olhar pedagógico das situações negativas que experimentamos e o desejo de aprender com os erros alheios para aprimorar a nossa humanidade e obter excelência humana. Podemos aprender com os erros, falhas alheias, pois esses tem um caráter pedagógico que poderá nos auxiliar no desenvolvimento e amadurecimento pessoal. Os conflitos interpessoais podem nos ensinar a superação, o aprimoramento pessoal, a agir e reagir perante eles, e administrá-los.

 Concluindo, o combate ao preconceito racial é mais que uma ação de caráter político e educacional. É uma questão de filosofia moral familiar em que busca a formação humanística do individuo para conviver com outros em sociedade de modo respeitoso. Mas as famílias têm “produzido” pessoas sub-humanas do ponto de vista da moral. O preconceito impera na sociedade pós-moderna e, qualquer pessoa está sujeita a sofrer com ele, mas o grande desafio é como aprender a supera-lo.

Respeito e igualdade são direitos de todos, mas precisamos fazer do preconceito e discriminação um instrumento pedagógico para superação. O preconceito e a discriminação são males e como tais, nos oferece oportunidades para apresentarmos as nossas virtudes e talentos.